Até 165 tipos de medicamentos serão doados pelos laboratórios. Prefeitura de SP quer distribuir remédios em farmácias particulares e fechar farmácias dos postos de saúde.
A prefeitura de São Paulo fez uma parceria com 12 empresas farmacêuticas para o fornecimento gratuito de medicamentos utilizados na rede municipal de saúde. Até 165 tipos de medicamentos, que estão em falta no sistema público, serão doados pelos laboratórios. Os medicamentos devem chegar às farmácias a partir de 20 de fevereiro.
Inicialmente, a doação está prevista para ocorrer no período de dois meses como um auxílio emergencial para abastecer a rede pública e tirar “do zero” o estoque de muitas unidades de saúde.
Essa é mais uma parceria entre a administração municipal e a rede privada. Desde que assumiu, o prefeito João Doria (PSDB) fez parcerias para a limpeza da Ponte Estaiada, reforma dos banheiros do Parque do Ibirapuera, recebimento de veículos para o programa Marginal Segura e a revitalização do Parque Raposo Tavares, entre outros. Pelo menos 10 programas ou ações já receberam investimento privado.
O anúncio foi feito na tarde desta quarta-feira (8) pelo prefeito João Doria e pelo secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara.
“Vamos disponibilizar por dois meses, numa ação emergencial, 381 milhões de doses de medicamentos, representando um preço de fábrica de R$ 120 milhões. O preço que a prefeitura pagaria por estes produtos é bem inferior tendo em vista que os preços mínimos da Prefeitura de São Paulo equivalem a R$ 35 milhões”, disse Dória.
O governo estadual concedeu isenção do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os medicamentos que serão doados. Esses medicamentos pagam de 12% a 18% de imposto.
“Existe um problema fiscal, um problema de impostos, não só impostos a serem pagos com impostos que já foram recolhidos em cima dessa produção . Esses impostos já recolhidos podem ter ressarcimento pela indústria desde que essas doações sejam feitas para o estado. Já temos um acordo com o estado de que as doações feitas para o estado são transferidas imediatamente ao município dentro do ambiente desse projeto”, afirmou Pollara.
A Secretaria de Estado da Fazenda ainda não calculou o valor, em reais, que vai deixar de arrecadar ao abrir mão do ICMS. O governo depende da prefeitura informar a quantidade de remédios para fazer essa conta.
Segundo a Prefeitura, nas farmácias privadas, os remédios só podem ser colocados à venda com mais de um ano do prazo de validade. Com 11 meses e 29 dias do vencimento, eles precisam ser incinerados. Na rede municipal de saúde, a a exigência é que o medicamento seja entregue à população com validade dentro do período de uso.
“Estamos doando produtos que têm de seis meses a um ano e estamos doando produtos com mais de um ano de validade. Isso vai depender de cada empresa. Tem produtos inclusive que o prazo máximo dele é 12 meses.Então, tem que ficar bem claro que não é assim: ‘ ah, a industria, já que vai destruir, é melhor doar. Não é bem assim a questão. É um esforço da indústria. Um esforço que nunca foi feito no passado. Nunca foi feito chamamento para a indústria para participar desse tipo de esforço”, disse Nelson Mussolini, do Sindusfarma.
Segundo Telma Salles, presidente da Progenéricos, a exigência responsável da Prefeitura é que não fossem doados medicamentos que tivessem prazo de validade inferior a seis meses, um ano. Segundo ela, a indústria não trabalha com estoques altos e não tem medicamentos para jogar fora ou medicamentos em seu estoques. “O que a gente está doando para a Prefeitura está no prazo de validade e seria o mesmo produto que colocaríamos na farmácia ou no ponto de venda”, afirmou.
Fonte: G1