Quantas vezes você já teve problemas para entender o remédio que seu médico receitou? E quantas vezes já se frustrou por não encontrar o que precisava na farmácia mais próxima? Pois a startup brasileira Memed nasceu justamente para resolver esses e outros problemas do setor.
Hoje, a Memed é uma plataforma de prescrição médica, com mais de 25 mil médicos cadastrados. Os pacientes que se consultam com um desses profissionais recebem uma receita digitada no computador e impressa. Não têm, portanto, que decifrar a letra de ninguém.
Mas a plataforma é muito mais do que isso. Para os médicos cadastrados, ela oferece um banco de dados atualizado onde constam todos os remédios disponíveis no Brasil, desde alopáticos até as fórmulas de manipulação, passando por homeopatia e dermocosméticos. Não é pouca coisa — hoje existem mais de 20 mil medicamentos credenciados pela Anvisa. Para manter a base de medicamentos atualizada, a startup tem contato com a própria Anvisa e mais 330 laboratórios.
“A ideia surgiu da necessidade do meu irmão, que é dermatologista, trabalhava numa cidade pequena, e viu a dificuldade que é para um médico se manter atualizado sobre os medicamentos fora dos grandes centros. Ele perdia muito tempo com as prescrições e dava menos atenção para o paciente do que gostaria”, explica o CEO Ricardo Moraes, que fundou a startup com seus irmãos René e Rafael Moraes, e mais o primo Marcel Ribeiro.
Fundada em 2012, a Memed tem chamado a atenção de investidores e do poder público. Há algumas semanas, a empresa recebeu um investimento de cerca de 2 milhões de reais, fruto do Prêmio QPrize 2015, no qual ficou em primeiro lugar na América Latina. Antes disso, startup já havia recebido aportes do fundo Redpoint eventures, da aceleradora 21212 e do programa Startup Brasil, do governo federal. A startup é ainda uma das selecionadas no Pitch Gov, do governo de São Paulo, e poderá testar seu modelo em órgãos público.
Tantas apostas mostram que os empreendedores encontraram um setor que precisava de soluções. Porém, a startup ainda não ganha dinheiro com os serviços que presta. O cadastro na plataforma é gratuito para os médicos.
“A gente não tem modelo de cobrança e não vai ter. Nossa missão é garantir que qualquer paciente receba uma prescrição perfeita: sabendo o preço do remédio, se tem algum item que dá alergia, se interage com outro medicamento. Nosso sonho é construir a prescrição eletrônica, rápida, segura e sem erro”, afirma Moraes.
Uber das farmácias
Como a startup pretende se rentabilizar, então? O empreendedor explica que a aposta principal é num modelo de negócios envolvendo as farmácias. “A ideia é ser uma espécie de Uber das farmácias, conectar as duas pontas: paciente e ponto de venda. É um modelo que já existe em outros países”, conta o CEO.
A expectativa é ajudar o paciente e escolher o melhor local de compra, considerando preço e disponibilidade do medicamento. “Fizemos um teste rápido com a compra de cinco remédios e identificamos uma diferença de até 100 reais de uma farmácia para a outra. E hoje a pessoa não tem como saber isso, só se for em todas. Queremos criar um sistema prático que acabe com isso”, explica.
Ainda não há previsão de quando o serviço estará disponível, mas há a possibilidade de iniciar testes já neste ano. Por enquanto, a startup está focada em aumentar seu alcance entre os médicos.
Fonte: Exame