FISIOTERAPIA NA SAÚDE DA MULHER: UMA NECESSIDADE!

Embora ainda pouco conhecida pela maioria da população, e até por uma parte dos profissionais de saúde, a intervenção da fisioterapia na saúde da mulher tem um impacto profundo na prevenção e reabilitação de diversas enfermidades que as atingem.

 

O fisioterapeuta pode atuar nas mais diversas fases de suas vidas. Melhorando, inclusive, sua qualidade de vida.

As áreas de intervenção são inúmeras.

Neste artigo, vou tratar de assuntos que, talvez, sejam as principais afecções que atinjam a vida das mulheres e onde a fisioterapia consegue intervir com ótimos resultados:

  • Incontinência urinaria;
  • Disfunções sexuais;
  • Prolapso;
  • Dores pélvicas;
  • Câncer ginecológico e câncer de mama.

 

Além destas enfermidades, por fim, também tratarei da fisioterapia obstétrica, por ser outro importante momento na vida das mulheres em gestação.

 

SOBRE A FISIOTERAPIA NA SAÚDE DA MULHER

 

As mulheres ao longo da vida passam por fases e momentos específicos, determinados por mudanças hormonais, físicas, psicológicas e sociais.

Como o iniciar e concluir do ciclo menstrual e da fertilidade, a descoberta e o desenvolver da sexualidade e do próprio corpo, a gravidez e a maternidade, o amadurecimento e o envelhecimento.

Por isso, o funcionamento dos corpos femininos e masculinos diferem fisiológica e biologicamente entre eles e, por esse motivo, algumas demandas de atendimento na área da saúde também diferem.

Neste sentido surgiu a medicina uroginecológica, que, mais tarde, deu origem às Ciências da Saúde da Mulher, realizando assim, uma abordagem mais específica.

Dentro desta área, os estudos em fisioterapia deram origem a um campo específico, direcionado à Fisioterapia na Saúde da Mulher.

Este campo foi legitimamente reconhecido como especialidade em 2009, pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).

Desde seu reconhecimento, a importância deste campo está sendo cada vez mais crescente.

E estas são suas principais incidências.

 

INCONTINÊNCIA URINARIA

 

Começando por um problema muito comum entres as mulheres, a incontinência urinaria é causadora de grandes desconfortos e, ainda, abordada como um tabu.

Incontinência urinaria é definida como a queixa de qualquer perda involuntária de urina. É classificada por três tipos: Incontinência Urinária de Esforço, Incontinência Urinária de Urgência e Incontinência Urinária Mista.

Incontinência Urinária de Esforço: quando ocorre a perda involuntária de urina durante esforço ou atividade física

Incontinência Urinária de Urgência: quando ocorre a perda involuntária de urina associada à necessidade imediata de urinar

Incontinência Urinária Mista: quando há queixa de perda de urina associada à urgência de urinar e ao esforço

No total dos casos, ela afeta aproximadamente 12,4% das mulheres jovens, 45% das mulheres de meia-idade e 75% das mulheres mais velhas.

A fisioterapia na saúde da mulher pode atuar em todos esses tipos de distúrbios urológicos.

Seja em mulheres adultas ou em casos pediátricos.

Os recursos incluem reeducação pélvica perineal, eletro estimulação, exercícios de fortalecimento como exercícios de Kegel ou através do uso de cones vaginais e terapia comportamental, que inclui mudanças de hábitos, entre muitas opções.

 

 

 

 

DISFUNÇÕES SEXUAIS

 

Outra queixa comum entre as mulheres, na qual a fisioterapia pode intervir beneficamente, são as disfunções sexuais, que afetam o bem estar e a vida sexual da mulher.

As principais disfunções sexuais femininas são o vaginismo (contração involuntária da musculatura do assoalho pélvico que impede ou faz com que a penetração seja dolorida), a dispareunia (dor durante a penetração) e a anorgasmia (incapacidade de atingir o orgasmo).

Por meio de treinamento muscular do assoalho pélvico, utilizando diversas técnicas, a fisioterapia tem como objetivo aliviar as dores durante as relações sexuais e melhorar a percepção e o controle da musculatura pélvica.

Apenas para você entender, assoalho pélvico é a rede de músculos que fecha a cavidade inferior da pelve, como se fosse uma rede, sustentando bexiga, útero, intestino e controlando urina, fezes e as funções sexuais

Assim como no tratamento da incontinência urinaria, fortalecer e treinar a conscientização corporal acerca da musculatura do assoalho pélvico é de fundamental importância durante o tratamento.

 

PROLAPSO

 

A atuação da Fisioterapia na Saúde da Mulher também é importante em casos de prolapso ginecológico, popularmente conhecido por ‘bexiga caída’.

Porém, mais que a bexiga, o prolapso pode afetar também outros órgãos, como o útero.

As mesmas técnicas fisioterapêuticas utilizadas com objetivos similares para a disfunção sexual, também são empregadas neste caso.

O tratamento geralmente é cirúrgico.

Porém, foi demonstrado que os exercícios perineais melhoram os sintomas e a força muscular do assoalho pélvico e, consequentemente, a qualidade de vida.

 

DORES PÉLVICAS

 

Outra área de atuação da fisioterapia na saúde da mulher é no alívio das dores pélvicas, provocadas pela endometriose e em todas as afecções ligadas às menstruações.

Como a síndrome pré-menstrual, dismenorreia primaria e no climatério (conjunto de sintomas antes e depois da menopausa).

 

CÂNCER GINECOLÓGICO E CÂNCER DE MAMA

 

A  intervenção fisioterapêutica na saúde da mulher é crucial, também, nos casos de câncer ginecológico e do câncer de mama.

O câncer ginecológico, como aquele do colo do útero, causado pelo vírus sexualmente transmissível (HPV), está entre os que mais atingem as mulheres.

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres, no mundo e no Brasil.

O câncer de colo de útero está em terceiro lugar.

No pós-operatório de câncer de mama a fisioterapia contribui decisivamente para evitar complicações, acelerar a recuperação e melhorar a qualidade de vida das pacientes.

Atuando, por exemplo, na recuperação dos movimentos do braço, no tratamento da cicatriz e no controle do linfedema (acúmulo de líquido no braço).

Já nos casos de tratamento cirúrgico de câncer ginecológico podem manifestar-se sequelas relacionadas às disfunções sexuais, já citadas anteriormente, ou quadros de dor (quadros álgicos).

O tratamento deve ser o quanto antes possível e impacta positivamente na qualidade de vida.

Além de ajudar a trabalhar a melhora da auto-estima e da auto-imagem da mulher em um momento de grande mudança e vulnerabilidade.

 

FISIOTERAPIA OBSTÉTRICA

 

Enfim, também é recomendado o acompanhamento fisioterapêutico na saúde da mulher na gestação, no parto e no pós-parto, por meio da fisioterapia obstétrica.

Nessa fase extremamente importante na vida de muitas mulheres, a fisioterapia obstétrica auxilia em inúmeros fatores, como dores, câimbras, falta de ar e inchaço.

Aqui também é importante que seja feito um treinamento específico da musculatura do assoalho pélvico como preparação do parto e pós-parto.

Apesar de ainda incomum, o fisioterapeuta é um importante profissional da equipe multidisciplinar durante o parto natural de baixo risco, em particular no parto humanizado.

Podendo aplicar diversas técnicas para aliviar o desconforto da parturiente, como estímulo à deambulação, exercícios respiratórios, TENS (Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation / Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea, em português), massagens e relaxamento.

 

 

FONTE: https://www.dicasdefisioterapia.com/fisioterapia-na-saude-da-mulher/