As mudanças no cotidiano das pessoas e no mundo em geral estão fazendo com que surjam novas doenças diariamente e com isso é necessário que aconteça uma modernização nos tratamentos, que precisam ser realizados de forma mais eficaz e especializada.
Por exemplo, no Brasil e em todo o mundo a poluição aumentou de uma forma agressiva nos últimos anos, e isso acarretou diversos problemas para a população, principalmente para aquelas pessoas que já possuem algum tipo de problema de saúde ou são mais frágeis, como os idosos e os bebês, que em si não possuem tantos anticorpos para lidar com as doenças, quanto os demais seres humanos.
Por conta desse aumento da poluição, mudanças drásticas de temperatura, e outros fatores, as pessoas estão tendo mais problemas relacionados com o sistema respiratório. Nesse sentido, a fisioterapia atua buscando encontrar técnicas cada vez mais aprimoradas, que possam resolver ou amenizar esses transtornos.
O que é Fisioterapia Respiratória?
A Fisioterapia Respiratória pode ser caracterizada como sendo um conjunto de técnicas realizadas com o objetivo de prevenir e recuperar disfunções referentes ao processo de respiração do ser humano, promovendo assim a máxima funcionalidade e qualidade de vida para as pessoas que sofrem com disfunções respiratórias.
Essa especialidade que engloba diversos instrumentos e procedimentos existe há bastante tempo, praticamente desde os anos 80, que foi quando foi fundado no Brasil o Núcleo de Estudos em Fisioterapia Respiratória, liderado pelo especialista em Fisioterapia Respiratória, Carlos Alberto Caetano Azeredo. Esse núcleo reunia profissionais de diversas regiões do Brasil, com o objetivo de ampliar a compreensão de concepções acerca das patologias respiratórias.
Conheça as técnicas utilizadas na Fisioterapia Respiratória
Como falado anteriormente, dentro da Fisioterapia Respiratória existem diversas técnicas e procedimentos que são realizados, conforme os problemas respiratórios e a situação em que o paciente se encontra. Algumas técnicas são:
Exercícios respiratórios
- Respiração pelo diafragma
Funciona para fortalecer a expansão da base dos pulmões, e para a sua realização o paciente deve permanecer sentado, com o tronco inclinado cerca de 45º para trás, com as costas e a cabeça bem apoiadas, os joelhos dobrados e o abdômen relaxado, apoiando uma mão sobre este para perceber os movimentos respiratórios e controlar o exercício realizado.
Então, deve inspirar de forma lenta e profunda, para que se possa verificar a expansão da parede abdominal e a descida do diafragma. Em seguida, deve expirar o ar lentamente para que seja perceptível a contração da musculatura abdominal e a subida do diafragma. Essa é uma das técnicas que são utilizadas assim que se inicia o tratamento do paciente com problemas respiratórios.
- Sopros
Entre os exercícios existentes, um dos mais úteis para fortalecer a expiração é o sopro, que consiste na realização de inspirações profundas seguidas de expirações pela boca efetuadas com os lábios entreabertos, de modo a obstruir a saída do ar. Este exercício não deve ser efetuado muitas vezes seguidas, pois o excesso de oxigenação pode provocar enjoos e sensação de formigamento.
- Espirometria de estímulos
Esta técnica é indicada afim de fortalecer a capacidade inspiratória, sendo realizada com a ajuda de um espirômetro, que é um aparelho simples que avalia o volume de ar aspirado. Para isso o paciente deve colocar os seus lábios na abertura do espirômetro e inspirar o mais profundamente que conseguir.
A abertura está ligada a um tubo que deságua numa divisão de três compartimentos, com uma bola de plástico no interior de cada um deles. Quanto maior for o volume de ar inspirado, mais bolas sobem no interior do compartimento, ou seja, deve-se tentar fazer subir o maior número de bolas e mantê-las elevadas o máximo de tempo possível. Ao expirar, o paciente retira os seus lábios da abertura e as bolas descem.
- Exercícios intercostais
São indicados com a finalidade de aprender a controlar e fortalecer a expansão do tórax. Para a realização o paciente pode permanecer de pé ou sentado, apoiando as palmas das mãos sobre o tórax: durante a inspiração, deve efetuar uma ligeira pressão nas costelas, de modo a forçar e treinar os músculos inspiratórios e durante a expiração as mãos devem acompanhar o movimento de retração da cavidade torácica e no final, comprimi-la moderadamente com o objetivo de expulsar o máximo de ar possível.
Expulsão de secreções
- Percussão
Esse procedimento consiste na aplicação de uma série de ligeiros golpes sobre o peito e costas do paciente com o objetivo de favorecer a liberação das secreções brônquicas e a sua posterior expulsão para os brônquios principais. Esta prática ainda é mais benéfica quando também é realizada uma drenagem postural, pois assim as secreções libertas das distintas aéreas pulmonares circulam até aos brônquios principais, onde depois são expulsas até à cavidade bucal.
Os golpes devem ser realizados com as mãos dobradas em forma de concha, da periferia para o centro, durante três ou quatro minutos em cada aérea pulmonar. De modo a evitar incômodos no paciente, deve-se evitar golpear a zona renal, pois é muito sensível, colocando-se uma toalha sobre o corpo com intenção de suavizar o impacto.
- Tosse assistida
Existem vários procedimentos para desencadear a tosse ou fazer com que a mesma seja mais eficaz, de modo a conseguir a expulsão da expectoração. Efetuar uma inspiração profunda, seguida de pequenos sopros expiratórios alternados com breves pausas.
- Drenagem postural
Este procedimento consiste em adotar e manter posições corporais que favoreçam a drenagem das secreções graças a ação da gravidade. Na prática, pretende-se que a zona pulmonar a drenar fique acima dos brônquios principais.
Desta maneira, as secreções fluem passivamente, sendo depois expulsas através da boca. Por exemplo, para facilitar a drenagem da zona superior dos pulmões, o paciente deve permanecer sentado e quando as secreções têm a tendência para se acumularem na parte inferior, é necessário que o paciente se incline de forma que a cabeça fique num plano inferior ao resto do corpo.
Quais são os benefícios da Fisioterapia Respiratória?
A fisioterapia respiratória visa melhorar a dinâmica respiratória e a distribuição do ar inalado pelo pulmão, além de remover secreções brônquicas, resultando assim na melhora da função pulmonar. São aplicadas técnicas manuais, como também aparelhos que ajudam na aplicação deste tipo de fisioterapia.
Vale ressaltar que a fisioterapia respiratória utiliza estratégias não invasivas para otimizar o transporte do oxigênio, prevenindo, revertendo ou minimizando as disfunções pulmonares que são causadas por doenças como asma, tuberculose, pneumonia, entre outras.
Onde é realizado o tratamento para reabilitação do paciente?
O fisioterapeuta avalia o paciente para identificar, relacionar e priorizar o tipo de técnica a ser aplicada, de acordo com o quadro clínico. Quando o paciente está hospitalizado, por exemplo, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o atendimento será mais focado na melhora da eficiência ventilatória ou na redução da sobrecarga dos músculos respiratórios, para evitar a falência desses músculos, o que pode causar a insuficiência respiratória.
Já em pacientes que irão se submeter a alguma cirurgia, a fisioterapia respiratória tem caráter preventivo, tanto para melhorar o condicionamento físico, quanto para garantir que após a cirurgia a capacidade respiratória não seja afetada.
Quando a fisioterapia respiratória é aplicada em ambulatórios, o tratamento está mais focado na melhora do condicionamento físico e na educação do paciente. Isso tende a aumentar a independência, reduzir os sintomas e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida, assim como ajuda na prevenção ou na melhora das comorbidades das doenças respiratórias.
Motivos da grande incidência de problemas respiratórios
A incidência de doenças alérgicas respiratórias, como rinite, asma e outros demais problemas, vêm aumentando gradativamente. No Brasil, por exemplo, são em média 8 mortes por dia por complicações relacionadas à asma. A doença representa um dos maiores gastos do Sistema Único de Saúde (SUS), superior, inclusive aos da AIDS.
Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam que são mais de 367 mil autorizações de internações hospitalares (AIH) ao ano, decorrentes de doenças respiratórias. Somadas, asma, pneumonia e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), representam 12% de todas as internações no país, com gastos superiores a R$ 600 milhões por ano.
Pode-se perceber que a Fisioterapia Respiratória é um recurso complementar muito eficaz no tratamento de uma grande variedade de doenças pulmonares, nas quais existe um certo grau de dificuldade em respirar e/ou se produz uma acumulação de secreções que obstruem os brônquios.
Este tipo de fisioterapia é especialmente recomendado em algumas doenças pulmonares crônicas, como a asma brônquica, a bronquite crônica, o enfisema, as bronquiectasias e o cancro bronco pulmonar. Todavia, é muito importante que seja sempre o médico a indicá-la, pois também existe o perigo de algumas contraindicações.
FONTE: https://www.soufisio.com.br/entenda-o-que-e-fisioterapia-respiratoria-e-tecnicas-utilizadas/