Câncer de pâncreas: incidência da neoplasia aumenta em todo mundo

esquisadores da SunYat-Sen University e da Shantou University Medical College, ambas localizadas na China, estudaram a incidência de câncer de pâncreas entre homens e mulheres de 41 países no período de 1973 a 2015. As fontes da pesquisa foram: Cancer Incidence in Five Continents (CI5), bancos de dados mantidos na internet pelos governos dos países pesquisados e informações do GLOBOCAN.

Foi observado um aumento considerável da variável estudada na maioria dos países pesquisados. Será que esse crescimento é tão surpreendente assim? Quais são as justificativas para esse evento?

  • Aumento da obesidade;
  • Aumento do diabetes;
  • Consumo crescente de carne vermelha e processada;
  • Diminuição da ingesta de frutas e vegetais;
  • Aumento do sedentarismo;
  • Alterações genéticas.

Foram verificadas disparidades entre os gêneros, com maiores taxas no sexo masculino. Há tendências crescentes na América do Norte, Europa Ocidental e Oceania; com destaque para a França (variação média percentual anual de 4,4% para homens e 5,4% para mulheres).

No Brasil também foi verificado aumento no risco. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde, o câncer de pâncreas é o 13º tipo de câncer de maior incidência no país.

Cabe ressaltar que os dados dessa pesquisa ainda não condizem totalmente com a realidade, por haver ainda muitos falsos negativos dentre os pacientes em avaliação diagnóstica. Sabemos que o pâncreas é um órgão retroperitoneal, de difícil avaliação. Logo, o diagnóstico de câncer é dificultado por questões anatômicas, sendo realizado, infelizmente, em fases muito avançadas da doença.

A ultrassonografia o avalia muito grosseiramente e a tomografia não é um exame de rotina, até porque não existe uma estratégia de rastreio para essa neoplasia, como existe para câncer de colo de útero e de mama. Os estudos também não mostram relação custo-benefício satisfatória que justifique o rastreio para esse tipo de tumor – não há aumento da sobrevida.

Essa lógica não se mantém se estamos diante de populações de alto risco, como o caso de um paciente que apresenta múltiplos casos de câncer de pâncreas em parentes de primeiro grau. Aqui cabe não apenas estudos de imagem, como também avaliação genética.

A maior incidência da doença, justificável pelos fatores de risco supracitados, aliada ao maior controle da doença explicam a perspectiva desse tumor passar a ser o segundo tipo de câncer mais frequente em 2030. Com o conhecimento dos fatores de risco, torna-se imperioso diminuir todos que são passíveis de alteração, a saber os relacionados apenas à mudança de hábitos, como:

  • Obesidade: reeducação alimentar, atividades físicas;
  • Diabetes: reeducação alimentar, atividades físicas, acompanhamento com endocrinologistas, uso regular das medicações, realização seriada de exames laboratoriais;
  • Estilo de vida: diminuir consumo de carne vermelha e processada e aumentar ingestão de frutas e vegetais, aumentar prática de atividades físicas.

Felizmente, muito se evoluiu no tratamento nos últimos anos e esperamos que a ciência continue sempre a nos surpreender positivamente.

Disponível em: https://pebmed.com.br/cancer-de-pancreas-incidencia-da-neoplasia-aumenta-em-todo-mundo/