Todos os benefícios que decorrem da possibilidade de drenar a urina da bexiga por meio da cateterização fizeram com que essa prática se tomasse frequente para os profissionais da área de saúde.
MARANGONI et al. (1986) estima que de 10 a 15% dos pacientes internados são cateterizados. Muito embora a usabilidade de cateteres uretrais tenha trazido grandes benefícios para inúmeros pacientes, a prática dessa cateterização trouxe, também, problemas e riscos potenciais relacionados à manipulação do trato urinário.
O uso de cateter de maneira inapropriada ou por tempo longo demais pode representar um risco a muitos pacientes para os quais foi designado a proteger, segundo KLJNIN (1991).
BECKER (1993) descreve as conseqüências clínicas do Cateterismo uretral como resultantes de erros na inserção do cateter, inapropriada indicação para a cateterização prolongada e assistência imprópria com relação ao cateter de demora. Não só o cateterismo de demora, como também o cateterismo único, pode levar a complicações, embora com menor freqüência. O traumatismo uretral, a dor, o falso trajeto, a uretrorragia, a bacteremia e a infecção geniturinária são indicadas por LENZ (1994) como complicações possíveis de ocorrerem pelo cateterismo vesical.
PRADO & DANTAS (1989) descrevem as complicações do cateterismo único e do cateterismo de demora. No cateterismo único, em pacientes com trato normal, embora não freqüentemente, podem ocorrer dois tipos de complicações: as traumáticas e as infecciosas. No cateterismo de demora, além dessas, podem ocorrer complicações uretrais (uretrite) e genitais (prostatite) (no homem), vesicais(cálculos, irritação vesical e possibilidade de desenvolvimento de carcinoma epidermoide) e renais ( pielonefrite, abcesso perirrenal, cálculo renal e insuficiência renal crônica) e septicemia.
As complicações da cateterização são sumarizadas por EDWARDS et al. (1983) em: trauma primário na uretra, reto, próstata e bexiga: complicações vesicais como estase, sepsis, cálculos, metaplasia e neoplasia.
Relação das Indicações de Sondagem Vesical
Monitorar débito em paciente instável/crítico
Na vigência de hematúria macroscópica
Na vigência de obstrução urinária
Em pacientes cronicamente imobilizados
Em pacientes com incontinência urinária
Em pacientes com bexiga neurogênica
Após cirurgia de próstata, bexiga
Após cirurgia ginecológica
Intra e pós-operatório de cirurgia longa
Intra e pós-operatório de cirurgias com grande infusão de volume
Intra e pós-operatório de cirurgia com necessidade de monitoração de débito urinário
Intra e pós-operatório de pacientes com incontinência
Para facilitar cicatrização de feridas sacrais/perineais
Relação de Complicações da Sondagem Vesical
Bacteriúria assintomática
Infecção de trato urinário
Epididimite e orquite
Retenção de fragmentos do balão da sonda
Fístula de bexiga (entero-vesical, cólon-vesical, reto-vesical e vesico-vaginal)
Perfuração de bexiga
Formação de cálculo de bexiga
Trauma de uretra
Incontinência
Medidas Preventivas ao Uso do Cateterismo
Uma avaliação precisa da indicação do uso de sondagem vesical é fundamental no contexto de prevenção de complicações. Além disso, uma revisão diária (ou periódica, a depender do contexto) é necessária para se julgar a necessidade de manutenção da sonda vesical. Estas medidas simples são fundamentais para evitar eventos adversos aos pacientes.
As medidas mais efetivas na prevenção de complicações relacionadas à sondagem vesical envolvem treinamento e educação permanente sobre o assunto para os profissionais de saúde nos hospitais. Além disso, deve-se realizar um acompanhamento do uso da sonda de forma a identificar se a indicação de uso está correta, e quando é a situação ótima para sua retirada em definitivo.
Entre as diferentes medidas que ajudam a prevenir complicações associadas com sondas vesicais estão incluídas:
– O uso de sondas vesicais apenas para indicações apropriadas;
– Considerar alternativas para sondagem vesical com o uso de camisinhas acopladas a coletor em pacientes masculinos (uripen®, etc);
– Realizar treinamento adequado para a equipe médica e outros profissionais de saúde sobre a colocação e manutenção da sonda vesical;
– Retirar prontamente sondas vesicais sem indicação de uso;
– Não realizar troca de sonda vesical sem indicação;
– Usar um sistema de drenagem contínua fechado para sondas vesicais de demora;
– Não irrigar rotineiramente pacientes sondados; cateteres são irrigados apenas em circunstâncias específicas (pós-operatório, terapia farmacológica, manejo de hematuria macroscópica).
FONTE: https://www.souenfermagem.com.br/fundamentos/sondagem/complicacoes-da-sonda-vesical-de-demora/