A administração de medicamentos deve ser realizada de forma eficiente, segura e responsável. Sem isso, os objetivos da terapia sugerida podem ser comprometidos. Mas existem literalmente centenas de vias de administração de medicamentos possíveis: segundo a Food and Drug Administration (FDA), órgão de controle americano que equivale a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) brasileira, existem 111 vias de administração de medicamentos.
Entenda quais são as principais vias de administração de medicamentos
Embora a FDA reconheça 111 formas de administração de medicamentos, elas podem ser divididas principalmente em:
- Tópica – tem efeito local, a substância é aplicada diretamente onde se deseja a ação.
- Enteral – tem efeito sistêmico (não local), em geral a substância é ingerida e absorvida via trato digestivo.
- Parenteral – tem efeito sistêmico, mas a substância é recebida e absorvida em outra forma que não o trato digestivo.
Exemplos de aplicação da via tópica são as aplicações epidérmicas (diretamente sobre a pele), como testes de alergia e anestesia local; inaláveis, como medicamentos para a asma; enemas, como os meios de contraste para imagem digestiva; colírios, como os antibióticos para a conjuntivite; e gotas ontológicas, como antibióticos e corticoides para otites externas.
Já a administração de medicamentos por via enteral pode ser feita de três principais formas:
- Via oral, quando é recebido pela boca, em tabletes, cápsulas ou gotas e absorvido pelo trato gastrointestinal. A administração oral de medicamentos é a mais segura, conveniente e barata, por isso a maior parte dos remédios é administrada via oral. Ela é, no entanto, contraindicada para pacientes inconscientes ou que apresentem náuseas e vômitos, assim como aqueles que não conseguem engolir.
- Via sublingual, posicionada abaixo da língua, permite a retenção do medicamento por tempo prolongado. Esses comprimidos não devem ser deglutidos, e sim dissolvidos pela saliva.
- Via retal, indicada para pacientes que apresentem vômitos, estão inconscientes ou não conseguem deglutir. Em geral, são soluções, suspensões ou supositórios. A forma é incômoda e há risco de irritações na mucosa e absorção errática, por causa da pequena superfície de absorção e retenção incerta no reto.
A via parenteral, que em grego significa “para” (ao lado) e “enteros” (tubo digestivo), não utiliza o trato gastrointestinal. Ela é indicada para a administração de medicamentos a pacientes que esteja inconscientes, com distúrbios gastrointestinais graves e naqueles impossibilitados de engolir. É também recomendada para ações mais rápidas da terapia. As principais formas são:
- Injeção intravenosa (na veia)
- Injeção intra-arterial (na artéria)
- Injeção intramuscular (no músculo), é o caso das vacinas e de alguns antibióticos.
- Injeção intracardíaca
- Injeção subcutânea (sob a pele), é o caso da insulina
- Transmucosa (difusão através de uma membrana mucosa), é o caso da nitroglicerina sublingual.
- Inalável, como ocorre com alguns anestésicos.
Como escolher a via adequada para a administração de medicamentos
A escolha da via apropriada depende tanto da droga quanto de fatores relacionados ao paciente. O método de administração dos medicamentos depende principalmente da rapidez que se deseja a ação da droga, da natureza e quantidade do medicamento, assim como as condições do paciente.
Tomemos a Metoclopramida, por exemplo (popularmente conhecida como Plasil), indicada para distúrbios da motilidade gastrintestinal e náuseas e vômitos. O medicamento pode ser administrado por duas vias: oral (gotas ou comprimidos) ou injetável. A administração desse medicamento vai depender das condições do paciente. Por exemplo, se a frequência de vômitos estiver tão alta que o medicamento por via oral não tem tempo de agir, talvez o indicado seja administrá-lo por via injetável.