Nos últimos anos ocorreram números crescentes de pacientes admitidos com comprometimentos neurológicos nas UTIs, em decorrência de alguma lesão primariamente neurológica ou de outros acometimentos, como distúrbios hemodinâmicos, respiratórios e metabólicos. É fundamental que os profissionais de terapia intensiva estejam capacitados a avaliar adequadamente o estado neurológico dos pacientes, a fim de detectar precocemente as intercorrências e acompanhar a evolução daqueles que já apresentam distúrbios neurológicos.
O coma é definido como um estado clínico de inconsciência no qual o doente não tem percepção de si mesmo e do ambiente por períodos prolongados. O mutismo cinético é um estado de não responsividade do paciente ao ambiente, caracterizado por ausência de movimento ou de emissão de som; mas por vezes, ele responde abrindo os olhos. O estado vegetativo persistente é uma condição em que o paciente é descrito como acordado, mas não consciente, sem função mental cognitiva ou afetiva.
As principais alterações no nível de consciência encontradas no doente crítico ocorrem ao longo de um continuo, e as manifestações clínicas são das mais variadas dependendo de onde o paciente nele se encontra. À medida que o estado de alerta e a consciência do paciente diminuem, pode haver alterações na resposta de abertura do olho, resposta verbal e resposta motora e reflexo pupilar. As alterações iniciais podem refletir-se através de alterações comportamentais sutis, como a inquietação ou ao aumento da ansiedade. As pupilas normalmente arredondadas e rapidamente reativas à luz ficam lentas à medida que o paciente fica comatoso, as pupilas tornam-se fixas (sem resposta à luz). O paciente em coma não abre os olhos, não responde verbalmente nem move os membros em resposta a uma solicitação, descartados o uso de sedativos ou hipnóticos.
A escala de coma de Glasgow
A escala de Glasgow é um instrumento que auxilia na avaliação das funções neurológicas do paciente, por meio das respostas obtidas após um comando verbal ou não verbal. Essa avaliação deve ser realizada pelo enfermeiro e equipe médica, sendo que a pontuação poderá ser de no máximo 15 e no mínimo 3.
O paciente com grave alteração do nível de consciência está em risco de apresentar alterações em todos os sistemas orgânicos refletindo rapidamente no SNC. Realiza-se o exame físico completo, com particular atenção para o sistema neurológico. O exame neurológico deve ser o mais completo que o nível de consciência permitir. Inclui a avaliação do estado mental, função dos nervos cranianos, função cerebelar (equilíbrio e coordenação), reflexos, funções motora e sensorial. O instrumento mais utilizável na prática clínica para avaliar o nível de consciência do doente comatoso é a escala de Coma de Glasgow (ECGL).
O escore da ECGL é uma das variáveis que tem sido extensivamente estudada para estimar o prognóstico dos pacientes em UTI a médio e longo prazo. Resultados de pesquisas indicam que, entre os diversos instrumentos aplicados na UTI para indicar o prognóstico do paciente com lesões encefálicas, a ECGL destaca-se para estimar a evolução desses pacientes. Considerando que a avaliação do nível de consciência deve ser vista como uma etapa importante na assistência de enfermagem, necessita-se que o enfermeiro intensivista seja capacitado para realiza-la de forma sistemática e adequada.
FONTE: https://enfermagemdeconteudo.com.br/escala-de-coma-de-glasgow-uti/