Introdução: Os medicamentos imunossupressores são indicados principalmente para pacientes transplantados. As interações entre drogas e nutrientes ocorrem por meio de mecanismos competitivos, que podem ocorrer em vários níveis: na ingestão do alimento, na absorção da droga ou do nutriente, no transporte por proteínas plasmáticas, durante os processos de metabolização e de excreção. O nutricionista, junto à equipe médica e multidisciplinar, deve determinar, intervir e avaliar as misturas com cuidado.
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Objetivo: Realizar uma revisão bibliográfica atualizada sobre interações entre medicamentos imunossupressores e nutrientes.
Metodologia: Efetuada revisão de artigos a partir da consulta nos bancos de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE).
Resultados: Com base nas buscas, foram selecionados 25 artigos para serem utilizados neste trabalho de revisão.
Conclusão: O conhecimento sobre os efeitos e mecanismos dos medicamentos imunossupressores é fundamental para elaboração de um plano alimentar para os pacientes transplantados e até mesmo os que estão em fase de pré transplantante, visando proporcionar ao indivíduo melhor qualidade de vida e adaptação aos medicamentos, impedindo assim, a prevalência desses efeitos colaterais.
Palavra-chave: Imunossupressores; Alimentos, dieta e nutrição; Interações Alimento-Droga.
INTRODUÇÃO
O alimento é o combustível para a manutenção do corpo, através dele, o ser humano obtêm nutrientes como vitaminas e minerais que contribuem para o equilíbrio e saúde do organismo. Todavia, existem fatores que podem interferir na absorção de determinados nutrientes, como por exemplo, os fármacos, cujo tema, será abrodado neste trabalho (REIS, 2004).
O tratamento de várias enfermidades requer o uso de medicamentos, muitas vezes envolvendo vários deles. As interações entre nutrientes e medicamentos podem alterar os efeitos dos fármacos, e os efeitos terapêuticos ou colaterais de medicamentos podem afetar o estado nutricional do paciente. Os fármacos podem reduzir absorção de nutrientes influenciando o tempo de trânsito dos alimentos e de nutrientes no intestino (PRONSKY et al., 2012).
A absorção dos fármacos é vista como a transferência desse princípio ativo do seu local de administração até a corrente sanguínea. A velocidade e a eficiência da absorção dependem da via de administração utilizada, do grau de ionização e da lipossolubilidade da substância (LARINI, 2008).
As interações entre drogas e nutrientes ocorrem por meio de mecanismos muito semelhantes e competitivos, que podem ocorrer em vários níveis: na ingestão do alimento, na absorção da droga ou do nutriente, no transporte por proteínas plasmáticas, durante os processos de metabolização e de excreção (FIGUEIREDO, 2006).
Os fármacos imunossupressores são indicados principalmente para pacientes transplantados, pois eles inibem a rejeição do tecido transplantado, preservando o paciente de tornar-se imunologicamente comprometido. São exemplos de imunossupressores o tacrolimo, sirolimo, everolimo, azatioprina, ciclosporina e outros que serão abordados no decorrer desta pesquisa (CLARK et al., 2013).
Um fármaco pode aumentar a metabolização de um nutriente causando sua passagem mais rápida pelo corpo, resultando em maiores necessidades; da mesma forma que causar efeito antagonista sobre as vitaminas, por meio do bloqueio da conversão da vitamina para sua forma ativa. Por outro lado, a presença de alimentos e nutrientes no estômago ou no lúmen do trato intestinal pode reduzir a absorção de um fármaco, por isso, se um medicamento é administrado por via endovenosa, a sua biodisponibilidade é 100%, mas, quando administrado por via oral, a biodisponibilidade diminui, já que a absorção e o metabolismo são incompletos (PRONSKY et al., 2012).
O tipo de dieta pode alterar a absorção dos medicamentos. Dependendo do medicamento administrado, a absorção pode ser aumentada, retardada ou diminuída pela ingestão simultânea de alimentos, pela presença de componentes específicos dos alimentos ou por elementos não-nutrientes da dieta (FIGUEIREDO, 2006).
Nesse tipo de interação, devemos considerar os fármacos, os alimentos propriamente ditos e seus princípios nutritivos (PN) ou componentes que tenham sido adicionados de forma voluntária ou acidental, como por exemplo, as interações atribuídas ao excesso de lipídios de uma dieta ou a deficiência de proteínas em outra e os fármacos que podem influenciar na ingestão, digestão, absorção, metabolismo e excreção de nutrientes. Essas interações podem ocorrer de intensidade variada, bem como podem aparecer em alguns pacientes e, em outros, não (REIS, 2004).
Muitos fármacos podem causar efeitos não desejados no organismo, como por exemplo, aumentar a excreção de um nutriente interferindo na reabsorção do nutriente pelos rins (PRONSKY et al., 2012).
A avaliação nutricional clínica avalia os sintomas, para determinar se problemas médicos podem ser resultado de interações entre alimentos e fármacos. A data de início de tomada do fármaco versus a data do início do sintoma é uma informação importante (PRONSKY et al., 2012).
Resumindo, apesar de o alimento prover energia para a sustentação e benefícios fisiológicos para uma boa saúde, e fármacos prevenirem ou tratarem várias doenças, juntos os efeitos sinergísticos podem não ser positivos. O nutricionista, junto a equipe médica e multidisciplinar (fisioterapeuta, psicólogo, farmacêutico), deve determinar, intervir e avaliar as misturas com cuidado (PRONSKY et al., 2012).
O tema abordado é de grande relevância para área clínica, pois visa identificar possíveis interações entre medicamentos imunossupressores e nutrientes, que como consequência interferem na absorção um do outro, gerando danos nutricionais e ineficácia na ação da maioria desses medicamentos. O estudo sobre esse tipo de interação pode contribuir sem dúvida, para que haja uma forma adequada e eficaz na absorção dessas substâncias sem que uma interfira na outra.
Fonte: Só Nutrição