Durante o ano passado, os principais avanços da pesquisa dentro da área de oncologia clínica proporcionaram novas opções de tratamento para pacientes com cânceres raros e de difícil tratamento. Em reconhecimento a essas conquistas, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) nomeou o “Progresso no Tratamento de Cânceres Raros” como o avanço do ano de 2018.
É notório como o conhecimento da biologia molecular tem permitido cada vez mais que os oncologistas possam direcionar tratamentos específicos para cada célula de tumor com respostas melhores e mais rápidas.
A imunoterapia também foi um campo que avançou muito nos últimos anos. Os médicos oncologistas têm conseguido, principalmente em alguns tipos de melanomas e de câncer de pulmão, respostas e até mesmo o controle – talvez definitivo – de doenças metastáticas, o que era impensável anteriormente na própria oncologia.
“A cada dia vemos que um número maior de patologias tumorais pode ser tratado com imunoterapias. O grande desafio, porém, é encontrar marcadores biológicos que permitam selecionar aqueles pacientes que irão responder e os que não irão responder. Outro desafio é garantir acesso a essas tecnologias mais caras a uma boa parte da população brasileira”, diz Roberto Gil, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Principais desafios
Para Roberto Gil, o médico oncologista que pretende se destacar no mercado deve possuir algumas características essenciais, como gostar de estudar, não perder o senso de humanidade e sempre procurar trocar experiências com os demais colegas de trabalho.
“A oncologia hoje tem uma quantidade de conhecimentos acumulados que exige do profissional sempre se manter atualizado em um programa contínuo de educação. O profissional também não pode perder de jeito nenhum a sua humanidade, entendendo o momento crítico pelo qual o paciente está atravessando. O oncologista também deve sempre estar inserido em grupos multidisciplinares para saber que a troca de experiência com os outros colegas de profissão é o melhor caminho para encontrar soluções melhores”, aconselha o diretor da SBOC.
Dentre os principais desafios apontados pelo especialista dentro da oncologia clínica, está a inclusão da tecnologia para conseguir oferecer os melhores medicamentos e tratamentos aos pacientes, o sucateamento da saúde pública no Brasil, a desvalorização da remuneração dos médicos, principalmente dos oncologistas, e a necessidade de organizar o seu tempo com qualidade, sem ficar doente ou desenvolver a síndrome de Burnout.
“As novas tecnologias, como o WhatsApp, está sobrecarregando demais o nosso convívio no dia a dia. E conseguir manter um bom nível emocional diante de toda essa sobrecarga de trabalho é um grande desafio para nós, médicos”, alerta Roberto Gil.
Melhores oportunidades
De acordo com a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, a especialidade é muito promissora, sem ainda apresentar um quadro de saturação de profissionais atuantes, como em outras áreas médicas. “Inegavelmente, a oncologia é o campo que tem recebido uma prioridade maior de todos aqueles que se dedicam a pesquisa clínica”, afirma o diretor da SBOC.
O número crescente de diagnósticos, novos tratamentos e o aumento de vida da população comprovam essa afirmação. Entretanto, é preciso formar mais oncologistas e conseguir levá-los para as periferias, para que parte da população não tenha que se deslocar tanto para fazer tratamentos, como acontece hoje em dia.
Para conseguir as melhores oportunidades dentro do mercado, os oncologistas devem entender que “o trabalho assistencial também está ligado ao trabalho de pesquisa clínica”.
Outra dica é buscar especialização em uma das subespecialidades, como tumores femininos, geniturinários, aparelho digestivo, cabeça e pescoço,tórax, tecido conjuntivo e pele e sistema nervoso central.
“É necessário que o oncologista entenda que será uma vida de sacrifícios, de muita disponibilidade e, pelo caráter que a especialidade tem, é preciso se fortalecer e se instrumentalizar para lidar com o sofrimento e com as angústias dos pacientes sem perder a humanidade”, destaca Roberto Gil.
Conquistas da SBOC
Segundo a Sociedade, existem cerca de 2 mil médicos que exercem a oncologia clínica no Brasil, porém nem todos vinculados ao órgão. Ainda de acordo com a instituição, a média salarial dos oncologistas no país está em torno de 10 mil reais, dependendo do estado/cidade de atuação.
Entre as principais conquistas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, estão:
- Incentivo à educação continuada, garantido a atualização constante dos seus associados;
- Garantia de acesso dos pacientes às novas medicações, com a inclusão no Rol da ANS e do SUS de novos medicamentos e tratamento que estavam excluídos na incorporação dos serviços públicos.
Por Úrsula Neves – PEBMED